sábado, 23 de janeiro de 2010

Concepção de Infância


A concepção de infância que conhecemos hoje é muito diferente da existente há alguns séculos atrás. Não podemos nos esquecer que a visão que se tem da criança é algo construído historicamente, o que nos permite perceber os grandes constrastes em relação ao sentimento de infância no decorrer dos tempos. Por maior estranheza que nos cause, nem sempre a humanidade viu a criança como um ser individual, único, pelo contrário, tratou-a por muito tempo como um adulto em miniatura.

Portanto, para entendermos essa questão é necessário revermos dentro da história o sentimento de infância, entendermos, defini-lo, além de registrarmos o seu surgimento e a sua evolução.

A partir do século XVII com a chegada das grandes transformações sociais é que se inicia, definitivamente, a construção de um sentimento de infância. Dentre essas grandes transformações estão a reforma religiosa católica e protestante que auxiliaram a humanidade a ter uma nova perspectiva sobre a criança e a sua aprendizagem. Outra mudança muito importante é a afetividade dentro da família, que passou a ter um grande valor para o bom desenvolvimento da criança.

Essa afetividade era demonstrada a partir do reconhecimento que a educação passou a ter, substituindo o trabalho e a convivência com os adultos nas tarefas cotidianas pela escola, que ficou sendo a responsável pelo processo de formação.

Com o reconhecimento da educação e a iniciação do processo de formação é que surge a preocupação de corrigir os desvios da criança, já que ela era o fruto do pecado e, portanto, deveria ser guiada para o caminho do bem. Entre os moralistas e os educadores do século XVII, formou-se o sentimento de infância que inspirou, mais tarde, toda a educação do século XX. (Áries)

Infelizmente, essas mudanças beneficiaram apenas a infância burguesa, pois as crianças do povo continuaram sem o acesso aos novos frutos nascidos dessa nova concepção de infância, com o direito à educação, à higiene e à saúde e continuaram sendo direcionadas ao trabalho.

Hoje, a criança é vista como um indivíduo de direitos, enquanto cidadão, com características totalmente diferentes das dos adultos e com necessidades físicas, cognitivas, psicológicas, emocionais e sociais. É este o principal objeto de estudo, a criança, que irá gerar as principais mudanças na educação, além de exigir dos educadores uma postura e visão mais consciente do trabalho a ser realizado com as crianças de 0 a 6 anos, procurando sanar as suas necessidades enquanto criança e cidadão.

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